domingo, 19 de setembro de 2010

Entendendo a Bula dos Medicamentos

por Meire Gomes

A maioria dos pacientes passeia pela bula do medicamento que vai utilizar e não raro se assusta com os efeitos colaterais possíveis, bem como pode chegar a conclusões equivocadas acerca da indicação ou da dose recomendada pelo médico. Todo medicamento lançado no Brasil precisa ter a bula em conformidade com as exigências da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, e deve conter informações técnicas e informações mais acessíveis ao paciente. Vamos lá:

COMPOSIÇÃO:
Mostra o nome científico da droga e sua concentração, geralmente dada em miligramas. Aqui também é assinalado se a medicação vem veiculada em suspensão, xarope ou comprimidos, bem como a existência de corantes e outros componentes. A concentração do medicamento é um dado muito importante, pois vários medicamentos podem ter o mesmo nome genérico porém podem conter quantidades muito diferentes do princípio ativo.

INDICAÇÕES:
As indicações são o conjunto de doenças que podem ser combatidas ou aliviadas pelo medicamento. Nem todas as indicações constam na bula, mas no geral o médico avisa ao paciente o que não está expresso. Por exemplo, um medicamento para larva migrans pode ser usado contra o “bicho-de-pé”; um remédio contra vômitos pode ser usado para combater uma crise de soluços e colírios podem ser usados para obstrução nasal ou infecções do ouvido.

CONTRA-INDICAÇÕES:
Nesse item reside a maior confusão quando o paciente resolve ler a bula. A contra-indicação é uma doença ou condição que o paciente já apresenta e por esse motivo deve ter o uso do medicamento evitado. Se está expresso na bula: “O medicamento X é contra-indicado nos casos de doença cardíaca”, entende-se que os doentes do coração não devem usar o medicamento e não que o medicamento CAUSE um problema cardíaco em quem não tem o problema.

Para a pediatria, uma das contra-indicações importantes para uso de alguns medicamentos é a idade. Muitos medicamentos não podem ser usados em nenês abaixo de 6 meses, muitos outros em crianças até 12 ou 24 meses de vida. Parte da farmacopéia do adulto só pode ser utilizada em crianças acima de 12 anos de idade.

REAÇÕES ADVERSAS /EFEITOS COLATERAIS:
Essas reações ou efeitos são os efeitos indesejados que podem ocorrer com praticamente todos os medicamentos, em maior ou menor grau. Para um medicamento ser liberado, ele deve ser EFICAZ e ter o menor índice de efeitos colaterais possível, ou seja, o benefício do medicamento deve ser sempre MAIOR QUE O SEU RISCO. Sendo assim, a maioria dos efeitos indesejados é de leve a moderada, depende das condições do paciente e no geral são reversíveis com a suspensão do medicamento. Por exemplo, um portador de gastrite certamente deve ter maior possibilidade de sentir dor abdominal com um medicamento do que uma pessoa com o estômago saudável.

Para alguns medicamentos as reações são mais prováveis quando a dose é alta, ou quando o tempo de uso é prolongado, como ocorre por exemplo com os corticóides. Já as reações alérgicas podem ocorrer com doses baixas e no geral são imprevisíveis. O paciente deve ter sempre em mãos uma lista dos medicamentos que já fez uso e apresentou algum tipo de reação, para evitar reações futuras ao mesmo ou a outros medicamentos de mecanismo de ação similares. Quando se respeitam as contra-indicações, as reações mais graves são mais raras que as leves e moderadas, porém é obrigatório que as mesmas constem nas bulas dos remédios.

POSOLOGIA:
O fabricante expressa a dose padrão do medicamento, mas a posologia pode e deve ser modificada pelo médico, adequando a dose de acordo com cada caso.

Mesmo os medicamentos de venda livre tem suas contra-indicações e efeitos colaterais e sempre que possível a automedicação deve ser evitada, salvo em casos de dor ou febre, onde um alívio imediato é bem-vindo até que providências sejam tomadas. Antibióticos não devem ser usados sem orientação médica, bem como corticóides e hormônios.

O popular AAS (“Melhoral”), por exemplo, pode ser até fatal nos casos de catapora. Algumas vitaminas quando administradas em excesso produzem sintomas piores que sua deficiência e os suplementos de cálcio, ainda muito populares no nordeste, aumentam o risco de desenvolvimento de “pedras nos rins”.

Para os pacientes com doenças crônicas, como os alérgicos, hipertensos e diabéticos, a educação contínua vai autorizando-o para uma automedicação situações específicas até reavaliação médica.

A banalização que produz o uso indiscriminado de medicamentos e o medo do uso da droga prescrita com orientação médica são igualmente prejudiciais para a saúde do paciente. É sempre bom que o paciente ou responsável tire suas dúvidas com seu médico, para que o tratamento seja mais bem sucedido, pois a confiança no medicamento faz parte de sua ação terapêutica.

fonte: http://saladamedica.wordpress.com

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